Chilique, amigo imaginário, agressividade: essas reações são
normais na vida das crianças. Ou não?
Num levantamento realizado pelo Colégio Friburgo/Casinha
Pequenina, em São Paulo ,
fazer com que a criançada durma na própria cama foi a dificuldade mais apontada
pelos pais de alunos de 1 a
6 anos. Todos tinham uma dúvida em comum: é normal que isso aconteça? A
resposta é sim. "Trata-se de uma fase intensa de medos e fantasias e, de
fato, a criança pode acordar assustada, pedindo companhia. O problema é que,
com o tempo, aprende a fazer chantagem, a usar o medo para que os pais cedam.
Por mais cansados que estejam, os adultos devem tranquilizá-la sem tirá-la do
berço ou da cama", aconselha a psicopedagoga Maria Beatriz Telles,
diretora da educação infantil da escola.
Seja qual for a sua dúvida em relação ao pequeno, não
se aflija: quando o assunto é educar os filhos, não há "pergunta
boba", garante a psicóloga Lana Harari, de São Paulo. "Todo
comportamento embute em si uma mensagem. Basta estar atenta àquilo que a
criança quer dizer." Com atenção e um mínimo de conhecimento sobre o desenvolvimento
infantil, você será capaz de decifrar o enigma - e verá que tudo é
passageiro. Para ajudá-la a identificar e entender melhor os episódios
infatis, ouvimos diversos profissionais - eles têm sugestões práticas para que
você passe por cada etapa com mais segurança e serenidade.
Até 2 anos
Mania de morder
"As crianças costumam morder para se defender ou
manifestar descontentamento, mas não compreendem o ato como uma agressão",
explica a pedagoga Marta Braga. Cabe aos pais e professores mostrar que dar
dentadas machuca e incomoda.
Medo de estranhos
Mesmo os bebês mais extrovertidos, que costumam ir de colo
em colo nos primeiros meses de vida, às vezes mudam de comportamento e passam a
grudar no pescoço da mãe na presença de adultos com quem não convivem
diariamente, como um tio, a avó ou o pediatra. Parece o primeiro sintoma de uma
incorrigível timidez, mas não é. Essa atitude revela apenas uma certa
desconfiança, o que é natural. "Se acontecer, transmita tranquilidade à
criança, porque ela enxerga o mundo pelos olhos dos pais. E jamais a obrigue a
ir para o colo de alguém a contragosto", alerta a psicopedagoga Claudia
Cordeiro.
Apego à babá
Seu filho chora quando ela vai embora? Isso não quer dizer
que você foi para o fim da fila no coração dele. Estranho seria se o bebê não
se apegasse a quem cuida dele boa parte do dia - logo, o comportamento
demonstra que está sendo tratado com carinho.
De 3 a
4 anos
Chilique no shopping
Ver o filho esperneando no chão tira o rebolado de qualquer
um. Mas esteja preparada: nove entre dez mães passam pelo menos uma vez na vida
por esse vexame. "O mais comum é que se intensifique em torno dos 3 anos,
quando a criança já tem uma certa autonomia e acha que pode conseguir tudo o
que quer", afirma Maria Beatriz. Dependendo da postura dos pais, ela pode
insistir no comportamento mesmo quando estiver mais crescidinha. Eles devem ser
firmes, encerrar o assunto e fazer com que o filho os acompanhe, ainda que
todos à volta estejam olhando.
Amigo imaginário
Ele dá o ar da graça na mesa do jantar, dentro do carro ou
durante uma brincadeira e bate altos papos com a criança - o que, quase sempre,
deixa os pais de cabelos em pé. "Alguns nos procuram na escola com medo de
que o filho esteja ficando maluco", conta Marta. Não se preocupe: essa
fantasia faz parte do imaginário infantil, dura alguns anos e costuma
desaparecer em torno dos 6 anos.
É tudo meu
Até os 4 anos, seu filho acha que é dono do mundo e quer
todos os brinquedos para si. "Incentivar o contato com outras crianças
ajuda a romper o egocentrismo. À medida que descobre a importância de se
relacionar, ele aprende a trocar e emprestar", diz Maria Beatriz.
De 5 a
6 anos
Ele não é mais meu amigo
Nessa fase, a garotada tem um "melhor amigo" a
cada dia. "Pequenos eventos são encarados como um problemão", explica
a educadora Andrea Ramal. Mas o rancor dura pouco: Em alguns dias, o amigo
volta a ser querido.
Descoberta dos genitais
Os especialistas são enfáticos: a masturbação infantil não
deve ser reprimida. "Basta orientar a criança a só fazer isso na intimidade",
aconselha a terapeuta de família Valéria Meirelles, de São Paulo. Você viu seu
filho explorando o corpo de um amiguinho? Explique que ele só pode mexer com o
próprio corpo. E não se preocupe: Não tem nada a ver com a definição da
sexualidade.
Pequenas mentiras
A criança inventa para fingir que viveu uma experiência
bacana ou simplesmente para não levar uma bronca. Argumentar que mentir é feio,
alerta Maria Beatriz, não convence: "Ela nota que os adultos lançam mão
das chamadas mentiras sociais e não entende a contradição". A melhor
atitude é mostrar que mentir quebra a relação de confiança entre vocês.
"Quando seu filho contar algum fato, finja que não acredita nele por causa
de suas constantes invenções. Assim, a mudança de atitude costuma ser rápida."
De 7 a
10 anos
Horror ao chuveiro
Tomar banho implica abandonar uma atividade interessante e
passar um bom tempo sozinho, sem nenhum estímulo visual interessante - ou seja,
uma baita perda de tempo, pela ótica dos baixinhos. "A criança não
valoriza uma roupa limpinha e cheirosa. Quer mais é brincar", diz Andrea.
Deixe claro que os cuidados com a higiene não são mero capricho seu.
Dedo no nariz
Aos 7 anos, a criança precisa dominar as regras do convívio
social e saber o que não deve fazer em público. Se tem esse ou outro hábito
inapropriado, o papel dos pais é educá-lo. "A família tem de ensinar que
não se pode limpar o nariz nem soltar pum na frente dos outros, mesmo dentro de
casa", defende Maria Beatriz.
Deboche cruel
Desde que o mundo é mundo, crianças dessa faixa etária se
agrupam em panelinhas - e os excluídos acabam vítimas de gozações. "Na
maioria das vezes, não há nada sério por trás disso", afirma Andrea. Mas
os pais não podem ficar indiferentes. Se notar que seu filho é alvo dos
colegas, jamais o incite a reagir e trate de fortalecê-lo psicologicamente:
"Mostre que o problema está no colega, não nele", aconselha. Se é ele
quem debocha do outro, explique as consequências de sua atitude - conversa e
uma boa dose de carinho em geral funcionam.
http://mdemulher.abril.com.br
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