Gostaria de compartilhar com vocês esta matéria que achei interessante,
e fala sobre a frustração nas crianças. Estamos vivenciando um momento em que a
busca pela felicidade e satisfação em tudo, tem sido muito cobrada e tenho
visto cada vez mais, pais tentando suprir todas as carências do filho, com a
ausência do "NÃO", em que muitas vezes se faz necessário e é saudável
para criança, aprender lidar com suas frustrações e esperas. Faz parte da vida,
levar um "NÃO" de uma menina ou menino na adolescência, por exemplo,
perder para o time adversário na infância, ou até, não ser aprovado em uma
entrevista de emprego. E como será esta experiência?
Frustração: por que ela deve fazer parte da vida do
seu filho
Por amor, você pode
querer sempre atender aos desejos do seu filho.
Quantas vezes você se desdobrou para
atender aos desejos do seu filho? Até naquele dia em que chegou em casa com
enxaqueca - depois de um longo dia de trabalho - querendo descansar, sentou ao
lado dele para brincar um pouco, depois que ele teve uma crise de birra porque
estava esperando por você há horas para jogar um jogo novo. Sua intenção é das
melhores, claro!
Mas lembre-se de que, ao tentar não desapontar seu filho, você está
privando-o de uma experiência importante: a frustração. Nós, adultos, sabemos que nem todas
as nossas vontades serão atendidas – aquela viagem paradisíaca, o sapato da
vitrine, as férias, o melhor carro e o emprego dos sonhos. “As crianças também
precisam entender que, ao longo da vida, é normal se decepcionar. É importante
receber pequenas doses de frustração desde a infância”, explica Rita Calegari, psicóloga
do Hospital São Camilo (SP).
Fique tranquilo, seu filho não vai sofrer com isso. É só saber separar o
que é necessidade do que é desejo. Negar o brinquedo que ele quer ganhar antes
do aniversário, por exemplo, não vai prejudicar seu desenvolvimento. Aprender a esperar é importante: tenha certeza de
que seu “não” vai propiciar mais benefícios do que perdas.
Até os 2 anos, ainda não conseguimos descobrir se o choro é de manha, de
cólica ou de fome. Mas, depois disso, as crianças precisam entender que não
podem ter tudo o que querem de imediato. Pense na hora do almoço de domingo: a
família espera que todos se sirvam para poder começar a comer. Não é porque seu
filho é menor que poderá saborear o prato antes de todos. Explique a ele a
situação e peça para que aguarde um pouco.
Como
administrar a situação?
É importante saber dosar. Sua casa tem só um
televisor? De vez em quando, a criança pode assistir ao desenho animado à
noite. Mas os pais também têm vontades! Podem querer ver o telejornal – e os
filhos vão entender que, na vida, é normal ter de ceder. Enquanto vocês jogam
videogame, não vale deixar as crianças ganharem
sempre. “Atender ao desejo delas é gostoso.
Mas nem sempre podemos satisfazê-los”, diz a psicóloga.
Se o seu filho estiver acostumado a ter
todas as vontades concretizadas, é possível que comece a chorar quando ouvir o
“não”. Sabemos como é dolorido ver o sofrimento de quem amamos. Só que, nesse
momento, o mais indicado é deixar que a criança continue chorando. Dê carinho,
abrace, mas não mude de ideia: ela precisa entender que a frustração é
normal. Quando se acalmar, estará pronta para escutar sua explicação.
Pode ser que você tente evitar a decepção por
sentir-se culpado. Trabalha muito, por exemplo, e quer proporcionar só alegrias
para seu filho, de modo a compensar sua ausência. Ou então está em crise - pode
ser no casamento, na saúde, nas finanças – e não tem energia sobrando para
enfrentar a birra de uma criança decepcionada. Mesmo assim, tente não ceder.
Será melhor para ela.
Quando crescer e entrar em contato com
o mundo extrafamiliar, seu filho vai encontrar um ambiente em que as vontades
dele não serão sempre atendidas. Na escola, por exemplo, os amigos podem ficar
chateados com uma criança que não gosta de dividir os brinquedos ou que não sabe
perder nos jogos. Se você notar que seu filho não é escolhido para os times de
futebol da turma ou nunca é convidado para as festas de aniversário, fique
atento. Converse com o professor e investigue como é o comportamento da criança
fora de casa.
Ao deixar que seu filho se frustre
algumas vezes, sempre com seu afeto e apoio, ele será um adulto mais
compreensivo. Na adolescência, entenderá que, se não
ser aprovado no vestibular, deve tentar novamente no ano seguinte. Ou que um
amor não correspondido dói – mas é normal, faz parte da vida e não é motivo de
desespero. Por outro lado, a criança que é criada em um lar sem frustrações não
vai querer sair do ninho. “Isso compromete a convivência e a interação da
pessoa. Ela precisa ser uma cidadã”, explica Calegari.
Por Luiza Tenente
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/
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